Depois de um dia mau pode haver um céu estrelado. O meu reino.
por Princesa das estrelas
O dia 8 de Março não é, para mim, um dia qualquer. E nem sequer é o Dia Internacional da Mulher. Pelo menos desde 2005. Desde o dia 8 de Março de 2005 que este passou a ser o DIA D. Foi nesse dia que fui operada ao tumor que tinha no estômago. Foi esse o dia mais longo da vida dos meus pais, e do meu irmão, e do meu marido. E é desde essa data que, clinicamente, se conta a minha sobrevida. Como se tivesse renascido depois daquela operação. O conta quilómetros voltou ao zero.
Hoje de manhã, logo pela fresca, liguei à minha mãe, que não está em Lisboa, para lhe dar um beijo e agradecer por tudo o que tem feito por mim nestes últimos 6 anos. «Já que não posso agradecer também ao pai, agradeço-te a ti.» E ouvi-a chorar. E chorei com ela. De alegria, porque estou cá contra todas as expectativas, de saudades, porque, entretanto, o meu pai morreu.
E não deixa de ser engraçada a forma como vou sabendo mais coisas sobre esse dia. A minha mãe disse que a operação durou 8 horas e que ela e o meu irmão se dirigiram ao médico no fim para tentar saber como tinha corrido. Ele, que tinha cara de poucos amigos, mas que era a pessoa mais fantástica do mundo, agarrou na mão da minha mãe e disse qualquer coisa deste género: «a senhora é crente? Então peça a Deus. Eu fiz tudo o que estava ao meu alcance, limpei tudo o que podia. Peça para que ela seja uma das que ficam bem.» E ele fez bem, muito bem. Porque eu continuo cá e, ironia das ironias, ele também morreu entretato.
Dito isto, hoje quero é celebrar. Comer umas belas lapas grelhadas, regadas com um belo branco, comer bolo do caco com manteiga de alho... e dar muitos beijos aos meus homens.
Celebrar os meus seis anos!
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por Princesa das estrelas
Há dias que não consigo escrever aqui.
Não por falta de assunto ou de vontade. Tem sido mesmo por falta de tempo.
Novo emprego, novas solicitações. O filho que, depois de dois meses de mãe a tempo inteiro, está decidido a reclamar. O pai doente que não tem a devida atenção ou, pelo menos, não tem a visita diária a que já estava acostumado...
Mas hoje é um dia especial. Um dia em que me sinto uma sobrevivente.
Faz hoje dois anos que entrei num bloco operatório sem saber muito bem se iria sair de lá ou em que estado sairia. Tudo era uma incógnita. Depois desta operação, que me mutilou de forma definitiva, passei a ver contabilizada a minha existência.
Os médicos falam em sobrevida. Como se o calendário tivesse parado naquele dia e àquela hora. Como se todos os dias que se seguiram fossem um bónus.
Por tudo o que já vivi nestes dois anos e pelo que ainda espero viver (sobretudo em qualidade), sinto-me feliz e em paz.
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Há dias que não consigo escrever aqui.
Não por falta de assunto ou de vontade. Tem sido mesmo por falta de tempo.
Novo emprego, novas solicitações. O filho que, depois de dois meses de mãe a tempo inteiro, está decidido a reclamar. O pai doente que não tem a devida atenção ou, pelo menos, não tem a visita diária a que já estava acostumado...
Mas hoje é um dia especial. Um dia em que me sinto uma sobrevivente.
Faz hoje dois anos que entrei num bloco operatório sem saber muito bem se iria sair de lá ou em que estado sairia. Tudo era uma incógnita. Depois desta operação, que me mutilou de forma definitiva, passei a ver contabilizada a minha existência.
Os médicos falam em sobrevida. Como se o calendário tivesse parado naquele dia e àquela hora. Como se todos os dias que se seguiram fossem um bónus.
Por tudo o que já vivi nestes dois anos e pelo que ainda espero viver (sobretudo em qualidade), sinto-me feliz e em paz.
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