Depois de um dia mau pode haver um céu estrelado. O meu reino.
por Princesa das estrelas
Amanhã o meu filho faz três anos.
Amanhã faz um ano que me casei.
Hoje telefonei à minha mãe para voltar a insistir nesta coisa de nos vermos, de tentarmos passar juntas algum tempo de qualidade.
Ela estava triste, de voz rouca. "Hoje estou em baixo", disse-me. "Faz quatro meses que o pai está internado". Quatro meses, pensei. Quatro meses, penso agora. Se é verdade que houve um momento em que pensei que tudo ia acabar, não é menos verdade que há quatro meses atrás eu pensei que o meu pai iria fazer uma operação muito complicada e mutiladora, mas que quando passasse o pós-operatório, iria para casa, para junto dos seus, sem mais complicações do que aquelas que já sabíamos. O meu pai ia tirar a faringe, iria deixar de falar para sempre mas, com um bocadinho de sorte, continuaria a comer pela sua boca.
Hoje, quatro meses depois, o meu pai está vivo, o que, logo à partida, contraria todas as perspectivas e finta todas as contabilidades, mas perdeu muito mais do que a voz.
Enquanto falava com a minha mãe pensava nas datas e de como simplesmente deveríamos apagar algumas da nossa vida. ´
Há datas que não se deviam lembrar, deveriam permanecer no esquecimento.
O 11 de Fevereiro é uma delas. e todos os 11 que se seguem no calendário também.
Autoria e outros dados (tags, etc)
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Amanhã o meu filho faz três anos.
Amanhã faz um ano que me casei.
Hoje telefonei à minha mãe para voltar a insistir nesta coisa de nos vermos, de tentarmos passar juntas algum tempo de qualidade.
Ela estava triste, de voz rouca. "Hoje estou em baixo", disse-me. "Faz quatro meses que o pai está internado". Quatro meses, pensei. Quatro meses, penso agora. Se é verdade que houve um momento em que pensei que tudo ia acabar, não é menos verdade que há quatro meses atrás eu pensei que o meu pai iria fazer uma operação muito complicada e mutiladora, mas que quando passasse o pós-operatório, iria para casa, para junto dos seus, sem mais complicações do que aquelas que já sabíamos. O meu pai ia tirar a faringe, iria deixar de falar para sempre mas, com um bocadinho de sorte, continuaria a comer pela sua boca.
Hoje, quatro meses depois, o meu pai está vivo, o que, logo à partida, contraria todas as perspectivas e finta todas as contabilidades, mas perdeu muito mais do que a voz.
Enquanto falava com a minha mãe pensava nas datas e de como simplesmente deveríamos apagar algumas da nossa vida. ´
Há datas que não se deviam lembrar, deveriam permanecer no esquecimento.
O 11 de Fevereiro é uma delas. e todos os 11 que se seguem no calendário também.
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