por Princesa das estrelas
Ontem fui ao cinema ver este filme. Elizabethtown. Gosto de filmes assim: com histórias simples, mas bem feitos, bem interpretados, bem filmados. Sem grandes pretensões. Filmes que não querem mudar o mundo, que, certamente, não vão mudar a História do cinema mas, mesmo assim, filmes que me fazem rir e chorar, que me fazem pensar na vida e em como ela é perene.
Às vezes acho que fiquei mais lamechas para certo tipo de histórias e mais cabra insensível para outras, aquelas em que toda a gente chora. Gostei da capacidade de relativizar os dramas, de tentar encontrar qualquer coisa de bom em tudo o que acontece. Celebrar a vida, mesmo quando ela se mistura com a morte.
Ver este filme fez-me pensar que gostava de ter uma relação de "best friends" com o meu pai. De não ter esperar que ele morra para perceber isso. Por isso chorei. Porque o adoro, mas também porque sei que esse fosso geracional existe entre nós é impossível ultrapassar. Às tantas alguém no filme diz que não podemos ser o melhor amigo dos nossos filhos. Fiquei duplamente triste: percebi que isso é verdade na relação com o meu pai e fiquei com medo que isso venha a acontecer na relação com o meu filho. Agora que o meu pai está doente gostava que ele visse em mim mais do que uma filha. Uma companheira que percebe perfeitamente o que ele está a passar, uma confidente. Mas acho que isso é difícil. Embora perceba que ele se esforça para estar perto de mim, há barreiras que estão construídas há muito tempo. Na cabeça dele o pai não é o amigo, não é, sobretudo, aquele que precisa de conforto. É o que dá. Também fiquei a pensar que, mais que tente contrariar essa tendência, de certeza que vai haver uma altura na vida em que o meu filho vai sentir o mesmo. Que eu não sou a amiga, sou a que impõe regras, limites... barreiras. E daí? Talvez seja essa a natureza de ser pai.