por Princesa das estrelas
Este texto é a resposta a um desafio.
Fui ver um espectáculo e desafiaram-me a escrever um texto sobre o que vi. Há muito que não o faço, amiga. Perdoa-me se te decepcionar. De qualquer forma, quero aqui deixar claro que vou escrever o que senti. Sem "responsabilidades" jornalísticas. Essas ficaram para trás. Não vou justificar excessivamente o que senti ou achei. Ficarei pelo plano pessoal e nesse tudo é permitido. Quem sabe este não será um exercício de libertação.
Seis corpos num espaço aparentemente normal. Um interior de uma casa. Qualquer coisa entre uma sala e uma cozinha. Um espaço do quotidiano facilmente identificável como tal. Seis corpos perdidos nele. Seis corpos que interagem com o espaço ao qual estão confinados de forma por vezes absurda, anormal. O que procuram? Num aparente caos (que o coreógrafo chama de desordem), estes seis interpretes vão desmontando o espaço onde habitam, vão desconstruindo a realidade com um conjunto de acções que, por vezes, roçam o paranóico.
Gostei das intenções que Giles Jobin enunciou no texto que acompanhava o programa deste "Steak House", mas não gostei assim tanto do resultado.
Se a arte é uma apropriação da vida, como gosto de pensar que é, houve momentos em que me revi, de alguma forma, naqueles gestos, naquela quase histeria de movimento, de desconstrução do meio ambiente. Gostei, sobretudo, do modo como todo o cenário é destruído e reconstruído e, posteriormente, objecto de apropriação.
Gostei também da forma como cada um dos intérpretes se esbatia no espaço, se tentava confundir com este.
Mas faltou-lhe qualquer coisa. Ou será muita coisa?
Não me emocionei. Não presenciei um momento sequer que me sentisse surpreendida e isso, para mim, é fundamental.
Algo que me acontece cada vez mais: ver coisas que já vi aqui e ali, por outros criadores e, por vezes, com mais consistência, mais fôlego.
Não sei o que achaste, amiga. Mas também não me pareceste particularmente entusiasmada.
Diz-me
Beijos