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Depois de um dia mau pode haver um céu estrelado. O meu reino.
Os filhos fazem-nos fazer coisas impensáveis. Por eles passamos noites em branco com eles sentados no nosso colo a dormir, para assim afastarmos a maldita tosse; por eles, e quando a febre alta ataca, passamos a noite em vigília, à sua cabeceira; por um sorriso na sua cara corremos seca e meca à procura da prenda ideal, ou do local xpto para a festa de aniversario; por eles vemos episódios das séries mais palermas quando o que queríamos mesmo era borregar no sofá ou ler um livro; por eles abdicamos de cinemas, jantares, férias e romance; por eles voltamos a aprender matemática, geometria, História e Ciências; por eles comemos mais hambúrgueres do que é suposto; por eles revemos os episódios do star Wars, todos os indiana jones e regresso ao futuro; por eles passamos horas à beira mar; por eles deixamos de comer o gelado por inteiro, e chocolate, e o croissant também; por eles a vida passou a ser outra coisa, menos eu é mais nós; por eles deixámos de ser pessoas livres, passámos a ter uma responsabilidade gigantesca, o mundo já não é um lugar seguro e o perigo está sempre à espreita. Ter filhos é deixar de ser eu é passar a ser nós; é viver em angústia e défice permanente mas é também ser mais completa, mais inteira, mais feliz, mas uma felicidade consciente e assustadora. E depois há dias em que tudo isto parece não bastar. E é fodido.