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Depois de um dia mau pode haver um céu estrelado. O meu reino.
Na semana passada a minha empregada disse-me que o ferro de engomar tinha avariado. "Deita muita água", dizia ela. Eu tive quase quase para a matar. Como é possível, um ferro que custou 70 euros há um ano atrás. Como é possível, pensava eu irada lembrando-me que a minha santa mãe tem o mesmo ferro há mais de três séculos, e eu... esta tristeza. E lá comecei a remoer a notícia e a lembrar-me daquelas frases das nossas mães de que "as empregadas não estimam nada. Não é delas, não lhes custou a ganhar." Eu não queria ser uma dessas pessoas feias que pensa tais alarvidades da sua empregada, mas a verdade é que eram esses pensamentos do demo que me invadiam naquele momento. Ontem fui à procura da garantia do dito cujo, que agora não é uma garantia mas sim um talão da loja. E não encontrei. E fiquei para morrer. Mais uma despesa, pensei eu. Até que hoje lhe voltei a perguntar como estava o ferro e ela disse que já tinha passado roupa com ele a deitar menos água e que depois tinha voltado a deitar mais. Mistério. Foi então que decidi ligá-lo ali mesmo, à frente del, para confirmar. E constatei que nada havia de errado com o meu bichinho. A minha empregada é que não lê livros de instruções e estava a colocar o ferro na auto-limpeza a julgar que estava a ligar o vapor. Não havia ele de deitar água, coitado. Depois de, na semana anterior, ter achado que a nossa televisão não passava deste Natal (até termos percebido que era apenas mau contacto entre o cabo da tv e a box), perceber que o ferro não está a falecer é algo me que alegra particularmente. Mas que também me deixa a pensar no estado de saúde mental aqui desta dona de casa.