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Depois de um dia mau pode haver um céu estrelado. O meu reino.
quem me conhece sabe que sou uma mulher do verão, do calor, de roupa fresca e dias de praia. Mas confesso que estes dois dias de chuva me souberam muito bem. Sofá, scones, costura... E corrida! Deu para muita coisa, apesar de ter ido ao Porto em trabalho e de só ter chegado a casa à hora de almoço de sábado.
Faz hoje 7 anos que o meu coração encolheu para sempre. Cresceu para outros lados, com o nascimento da Alice, mas nunca nada vai ocupar o teu lugar, pai.
Não vou escrever aqui o seu nome completo, pois acredito que você saberá que é para si que estou a escrever. Sinto muito pela notícia que recebeu. É horrível, avassalador. Saber que alguém que amamos tem cancro é quase tão duro como se fossemos nós o portador da doença. Imagino que sente o chão a escapar-lhe. A revolta, a dor, a angústia... Gostava de lhe dizer algo que a pacificasse, de lhe dar a receita certa para o seu sofrimento. Mas não o sei fazer. A única coisa que lhe posso dizer é o que contou para mim, o que foi importante, o que me devolveu esperança e chão. Nunca se esqueça que é ele que está doente. Se o seu mundo caiu, imagine o dele! Dê-lhe todo o amor, carinho, espaço, silêncio... tudo o que sentir que eles está a precisar. Dê-lhe força. Ajude-o a acreditar. Mas respeite os dias tristes. Não se zangue. Às vezes as pessoas doentes são muito muito chatas, inseguras, egocêntricas. Nesses momentos não deixe que lhe falte a paciência, a sua. E tenha força. Vá buscá-la aos seus amigos, aonde for. Mas tenha sempre um bocadinho de força de reserva. Para ele e para si. Muitos beijinhos.