Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Depois de um dia mau pode haver um céu estrelado. O meu reino.
Hoje ao pequeno-almoço falávamos sobre a aplicação de taxas moderadoras à IVG. Eu ainda não tinha pensado muito no assunto, confesso. Mas a ideia de a IVG voltar à Assembleia é coisa que me arrepia. Penso sempre que pode ser um subterfúgio para recuar, para voltarmos à idade das trevas em que a mulher era criminosa e o acto proibido. Depois de alguns minutos de conversa eu comecei a falar das situações de excepção nas quais achava que não devia haver taxas e nem sei bem porque o fiz, uma vez que as situações de excepção já estão contempladas para as outras taxas. E foi quando o meu marido me interrompeu para dizer, aquela que para mim, é a frase desta questão. «Há que normalizar o acto.» E ele tem toda a razão. Pessoas que, como eu, defendem que a mulher tem o direito de decidir sobre o seu corpo e sobre se quer ou não levar uma gravidez para a frente têm de perceber que o melhor caminho para deixar de tratar a IVG como uma situação excepcional (aos olhos da lei e da medicina) é aplicar-lhe as mesmas normas que se aplicam a outros actos médicos. Não há, a meu ver, nada que mais favoreça as mulheres e os que são a favor da despenalização do que desejar que a IVG seja o que é: um acto médico. Sem juízos morais (por isso sou contra a aplicação da taxa apenas das reincidências). E como acto médico que é, nada mais normal do que ser sujeito a taxas moderadoras.
o meu filho está fora há 10 dias e eu estou a morrer de saudades. De tal forma que fechei a porta do seu quarto, para não estar sempre a olhar para lá e a pensar nele. A irmã, apesar de muito pequena, vai perguntando pelo Quique. A casa parece maior sem ele. Abro a porta e não está esparramado no sofá a ver televisão. Ou a ler. Ou de volta do YouTube. Quando estamos juntos faíscamos imenso. Mas não consigo viver sem ele. Sinto-o mais crescido, mais capa de analisar os seus comportamentos e as suas emoções. Mais capaz de reconhecer o erro. Mais calmo. Mais capaz de perdoar. Regressa hoje da casa da avó. E eu estou mortinha por abrir a porta e vê-lo, no sofá, com o seu ar doce e o seu beijo barulhento.