por Princesa das estrelas
Da minha avó paterna herdei o nome. Inês. Na altura foi um acontecimento. Pelo menos para o meu avô que era muito apaixonado pela sua mulher. Entristecia-o que, das muitas netas que já haviam nascido, nenhuma tivesse o nome da sua mulher.
Sempre gostei muito dos meus avós paternos, era perto deles que passava férias.
Apesar de nunca ter visto a minha avó trabalhar na sua máquina de costura, sempre tive uma adoração pela sua Oliva.
Já adulta tive a coragem de lha pedir. Andava lá pela casa aos caídos, cheia de ferrugem...
«Avó, gostava tanto que me desse a sua máquina...» e ela assim o fez. Na altura senti que tinha ficado comovida com o meu pedido porque ninguém ligava à máquina.
Não que eu fosse, ou seja um ás da costura. Nada. Sou bem limitada. Mas quero aprender. Adorava fazer uma vestido para a Alice na máquina da sua bisavó... que ela não chegou a conhecer.
Durante a gravidez arranjei coragem para arranjar o móvel da máquina. Lixei-o todo, tirei-lhe toda a ferrugem, envernizei, pintei e o resultado nem ficou mau.
Depois a minha querida mãe encarregou-se do resto: mandou-a limpar e colocar um motor.
No fim-de-semana passado tentei ligá-la mas a coisa não correu bem. Senti o motor em esforço e um cheirete a queimado.
A sorte, no meio da desgraça, foi que tinha visto uma loja de máquinas de costura em Alvalade e imaginei que poderiam fazer reparações. Hoje fui buscá-la e já a experimentei. Está linda na minha sala. E é um pedacinho da minha avó, ali perto de nós.