por Princesa das estrelas
Hoje, durante um almoço de trabalho, em que a televisão estava ligada, apercebi-me que o jovem judoca Tiago Alves tinha morrido. Acidente foi a primeira coisa que me passou pela cabeça. Nunca imaginei que um miúdo de 18 anos, desportista de alta competição pudesse ter morrido de outra coisa.
Ao fim da tarde recebi um telefonema de uma amiga, muito assustada com a morte do Tiago Alves. No decorrer da nossa conversa percebi que o Tiago tinha morrido de cancro do estômago. E ali, logo naquele momento, a minha cabeça deu um nó. Enquanto tentava consolá-la e dizer-lhe que o que se passou com ele era uma situação única que não se iria repetir com ela (que não se tem sentido muito bem ultimamente), comecei a reviver a minha vida em Fevereiro de 2005, o dia em que soube que estava doente.
Depois de ter desligado o telefone fui buscar o meu filhote à escolinha de futebol, mas sempre com esta ideia na cabeça. Como é que um puto de 18 anos, que faz exames regularmente, morre de cancro no estômago?? E foi a reviver o que me aconteceu que me lembrei que este é o cancro "silencioso" por excelência. Eu tinha acabado de sair de uma gravidez, com análises todos os meses, ecografias e afins, e nada disso tinha servido para ver o bicho que estava dentro de mim.
Quando cheguei a casa comecei a pesquisar o nome do Tiago na internet e encontrei uma notícia do Expresso onde havia um link para o blogue que o Tiago criou para falar da sua doença e do que ele acreditava ser uma luta pela vida. Aconselho uma passagem por
lá. Fiquei tão impressionada. Pensei na revolta que ele deve ter sentido, na dor que acompanha aqueles pais. O Tiago soube que estava doente no dia 21 de Junho e morreu um mês depois, tendo sido, entretanto, submetido a uma cirurgia que, infelizmente, não serviu para tirar o tumor mas apenas para constatar que estava demasiado metastizado. Um mês! que raio de vida! 18 anos!
Penso neste miúdo que não teve oportunidade de se transformar num homem, de ter a sua família, que não chegou a vencer uma Taça Europa ou um Campeonato do Mundo (embora tenha chegado ao Bronze na última Taça Europa) e penso na minha sorte, no prognóstico que me foi feito e na sorte (só pode ter sido sorte) que tive. E que apesar de um tumor tão grande e de origem tão má continuo aqui 5 anos depois, a ver o meu filho crescer, a viver uma vida intensa e feliz com o homem que amo... e penso que a vida é realmente demasiado curta para ser gasta onde não deve, em trabalhos que não o merecem, com pessoas que não interesam, com chatices insignificantes... caramba. Vou mas é ali melhorar a minha vida. Fazer o que realmente interessa.