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Depois de um dia mau pode haver um céu estrelado. O meu reino.


09
Out09

Obrigada, senhor Obama

por Princesa das estrelas
Custou-me muito, mas sobrevivi a este dia. Em parte graças ao senhor Obama. Thank you Mr President. Sim, o senhor Obama é meu autor e, por esse motivo, começaram a chover telefonemas a partir das 9h30 da manhã. Não foram telefonemas de parabéns mas sim de "que material vamos fazer para o ponto de venda e de que modo coordenamos a produção?". E soube-me muito bem não passar a viagem de comboio a pensar no meu destino, na tristeza que há dentro de mim. Ela continuou cá, mas adormecida. Porque, vá-se lá saber porquê, eu sou daquelas que vibra com o trabalho (às vezes, muitas, também esperneio e rabujo), que gosto de fazer bem, que me interesso por fazer melhor e, verdade verdadinha, apesar de todas as merdas que se dizem hoje, que ele não merecia, que não fez nada pela paz no mundo, que pela primeira vez o prémio é atribuído a alguém de quem se espera muito mas que ainda não fez nada, fico muito agradecida aos senhores que deliberaram, que a escolha tenha recaído sobre o senhor Obama. Eu já gostava muito dele. Talvez porque deixei de acreditar em Deus e me centro mais nos Homens, gosto deste homem que tem, com toda a certeza, muitos defeitos, mas que transporta em sim a chama da esperança que há muito eu não via. Estou-me a borrifar para as considerações acerca do poder e do domínio excessivo dos EUA na política e na economia mundial. Sim, eles são uns pedantes, sim, eles são uns cínicos, sim eles acham-se os melhores do mundo e fazem muita merda. Mas terá sido o Obama a iniciar o processo??? Pois, bem me parecia que não.
Senhor Obama, eu já gostava de si e hoje passei a gostar ainda mais. Porque o senhor, sem saber muito bem porquê, amenizou a minha dor, tornou menos dolorosa a colocação da placa com a foto e com o nome do meu pai em cima do jazigo de família, fez-me pensar que há mais no mundo que a minha tristeza.
Obrigada, senhor Obama

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09
Out09

Ano I depois de ti

por Princesa das estrelas
Faz hoje um ano que o meu pai morreu. Não posso dizer que tenha sido sem aviso, ele estava doente há dois anos, vivia num grande calvário e, talvez por isso, tenha decidido desistir. O seu enorme coração já não suportava tanta dor e tanta tristeza. E assim, apesar da alegria de ver os netos, apesar da minha mãe, de mim e do meu irmão, ele decidiu que não queria viver mais.
E quem me conhece sabe que sou a última pessoa a criticar ou a condenar o meu pai. O que ele vivia, sendo viver, ja não era quase nada. Era coisa pouca para um homem tão grande e tão generoso.
Faz hoje precisamente um ano que soube o que era perder um bocadinho de mim. E, fechando os olhos, lembro-me de quase tudo o que aconteceu nesse dia.
Todos tínhamos consciência que o meu pai nos estava a escapar por entre os dedos; ele já tinha desisitido há alguns dias; lembro-me do telefonema para me ir despedir dele; recordo-me perfeitamente dos minutos que estivemos a sós... ele já inconscinete, sereno, tranquilo. O coração a bater cada vez mais devagar; sei exactamente o que lhe disse, os beijos que lhe dei, as saudades que comecei a sentir logo naquele instante... E depois saí, fui a casa escolher uma roupa, a mais bonita, tudo a condizer (o meu pai adorava que eu lhe escolhesse a roupa)... e depois o telefonema do meu irmão, a chegada ao hospital, o olhar para ele já sem vida, a tristeza da minha mãe, o desespero do meu irmão. E quando olhei para o meu irmão, roupa nos braços para vestir o meu pai com um coleg de trabalho, soube que não o podia deixar com um estranho a fazer a mais penosa das suas tarefas: aquele não era um morto, era o nosso pai. E ainda não sei como, contrariei todas as minhas crenças e entrei naquela sala para o vestir, num ritual muito ambíguo: triste, muito triste mas, simultaneamente, com algum orgulho por sermos nós, naquele momento, a tratar dele.
E depois foi tudo muito rápido. Um ano a voar, o primeiro aniversário do mano sem ele, o primeiro Natal, o meu primeiro aniversário, o dele, o do Henrique, o da mãe, o dia do pai....
E a cada dia que passa sinto mais saudades dele...

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