Depois de um dia mau pode haver um céu estrelado. O meu reino.
por Princesa das estrelas
Dois ou três dias antes do Michael Jackson morrer tive, pela terceira ou quarta vez, o disco comemorativo dos 25 anos do Thriller nas mãos. E pela terceira ou quarta vez eu e o meu marido decidimos não o comprar. Estava a 10,95, um preço muito bom, mas era tanta a música que estávamos a levar, um bocado na boleia da Festa da Música da Fnac, que pensámos que poderia ficar para depois. Nessa mesma semana o senhor morre e o que faz a malta da Fnac? coloca o mesmo disco com muito mais destaque, debaixo de um cartaz que assinala a homenagem da cadeia de lojas ao rei da pop e, para o comemorar, nada melhor que subir o preço do cd para os 19 euros. Esta malta sabe-se tratar, essa é que é essa.
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por Princesa das estrelas
Ok, eu já não era uma novata nas andanças do Festival Panda. Tinha estado lá na edição passada e o Henrique era mais pequeno. Vai daí, ingenuamente, pensei que este ano a coisa correria ainda melhor e passaríamos uma manhã juntos, ele a delirar de alegria e eu nem por isso, mas tudo bem, ser mãe nem sempre é fácil. Só que, desta vez, as coisas correram mesmo muito mal. Para começar eu tive uma semana bastante complicada de trabalho; muito stress, descansei pouco... digamos que não estava mentalmente preparada para umas 20 mil crianças a correr e a gritar. Ou melhor, não estava preparada para eventuais desvios comportamentais naquele lugar. E, assim para ser simpática e tentar dourar a pílula, digamos que foi uma manhã para esquecer. Muito sol, muitas filas, pouca resistência, muitas birras do Henrique e, para finalizar, ele tentou fugir para o meio da estrada, coisa que nunca tinha acontecido.
Fiquei fora de mim; segurei-o com tanta força que ontem, na praia, podia ver a marca dos meus dedos nos seus bracinhos (esta é a parte em que a comissão de protecção de menores e o senhor do Refúgio Aboim Ascenção me vêm prender). Mas o pior nem foi ele quase morrer atropelado, o pior foi o que ele me disse a seguir, danado por não lhe ter feito as vontades e por lhe ter dado duas valentes palmadas no rabo. Verdade, verdadinha, nunca imaginei que uma criança de cinco anos guardasse em si tamanha crueldade. Sim, ali estava o meu filho a dizer, ou melhor, a gritar para quem quisesse ouvir, que me odiava, que eu era má, que queria viver longe de mim e que nunca mais queria ser meu filho. Não sei o que me deixou mais atordoada, se o medo que tivesse ficado debaixo de um carro mesmo ali à minha frente, ou se o que ouvi daquela boquinha. Mas foi tudo tão desconcertante que, mal chguei perto do meu marido, desatei num pranto.
Não sei que ensinamentos tirarei deste fatídico sábado, mas uma coisa é garantida: Festival Panda, nunca mais
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