por Princesa das estrelas
Ontem, quando cheguei a casa, tinha na caixa do correio um panfleto a anunciar umas fantásticas excursões a várias partes do nosso país. Do passeio natalício, com paragem em Fátima para pequeno-almoço de Natal, ao fim-de-semana na Serra da Estrela, eram várias as sugestões apresentadas, capazes de agradar muito boa gente.
Ao olhar para aquele panfleto não pude deixar de sorrir. Ao contrário deste tipo de excursões - que se destinam apenas a tentar vender produtos de uma tal empresa de seriedade duvidosa sob a desculpa esfarrapada de oferta de 2l de azeite (sim, é verdade) - lembrei-me das minhas excursões. Daquelas que fiz durante a minha infância com a minha família. Numa altura em que o dinheiro não era muito e as viagens de carro se resumiam à grande romaria anual à terra dos meus pais, o país foi-me dado a conhecer através dessas excursões, viagens organizadas por grupos de amigos e vizinhos que queriam passar algum tempo juntos e longe das suas vidas quotidianas, de muito trabalho e pouco lazer.
A minha mãe costuma dizer que fiz a minha primeira excursão com poucos meses de vida - O Bom Jesus, em Braga, foi o destino.
Depois das excursões familiares vieram as escolares... e que excitação. Lembro-me perfeitamente de não conseguir dormir com a excitação do dia seguinte, com o terror ante a possibilidade de não conseguir acordar a horas.
Hoje deixo-me seduzir pelo conforto do carro para viajar peloa país, faço-o com a minha família: somos três. É bom, muito bom. Mas ontem, senti-me nostálgica ao ver aquele panfleto. Tive saudades da camioneta cheia, do farnel para o almoço, do espírito de camaradagem entre vizinhos, da escolha do melhor lugar para a viagem.
Ontem apateceu-me ser pequenina outra vez.