por Princesa das estrelas
Há poucos meses tive o privilégio de conhecer uma pessoa fabulosa. Um escritor e jornalista que veio a Portugal promover um livro. Com ele aprendi muitas coisas. O nosso encontro foi uma verdadeira troca de experiências, de confidências, de medos e esperanças. Tal como eu, também ele tinha tido cancro. Foi, aliás, através do seu livro que primeiro tive contacto com a sua doença e com a forma como tinha lidado com ela. Desde logo a minha admiração foi enorme e, na altura, como ainda hoje, revi-me em muitos dos seus comentários. Mais tarde, quando o conheci, tudo o que pensava a seu respeito confirmou-se e hoje olho para ele não como um escritor famoso, mas como um amigo, um companheiro.
Esta manhã voltei a lembrar-me do Zuenir (assim se chama) porque me veio à cabeça uma ideia que desenvolveu no seu livro e que se encaixa perfeitamente na minha vida.
A paginas tantas, no livro, ele fala que, depois de lhe ter sido diagnosticado o cancro, os médicos passaram a falar-lhe em sobrevida. "A taxa de sobrevida isto, a taxa de sobrevida aquilo". Trata-se de uma designação médica, mas a nós, que estamos doentes, o prefixo "sobre" soa, no mínimo, muito mal. Não só estamos doentes como passamos a ter uma sobrevida. Assim como se o nosso direito a viver tivesse acabado e tudo o que nos restasse devesse ser encarado como uma ajudinha, uma borla da medicina.