por Princesa das estrelas
Este fim-de-semana deves ir a casa. Não para casa; vais apenas de visita. Que raio de vida esta que um homem vai de visita à sua casa, ao seu sofá... à sua vida.
A mãe manteve tudo como no dia 11 de Fevereiro, o último dia que estiveste em casa. Tudo imaculadamente limpo, como só ela é capaz. Mas nada do que é teu falta. Tudo no seu lugar.
Nós, por cá, estamos em preparativos. E que estranho que é preparar a tua visita. Alegria de te ver fora daquele espaço de cheiro a desinfectante onde entramos de máscara, bata e luvas. E uma estranheza muito grande de não saber o que te pode acontecer. Andamos contigo consciente de que és como uma bomba-relógio que a qualquer momento nos pode rebentar nas mãos. Mas vou tentar não pensar nisso. Vou tentar que essa visita se concretize mesmo, que vejas a luz do dia, que vejas como as árvores já estão cheias de folhas... que sintas o aroma da Primaver.
Vou tentar afastar de mim os pensamentos que tantas vezes me visitam e consomem. Vou tentar acreditar que ver-te, nem que seja por um dia, em casa, vale a pena todo este sofrimento e angústia.
Por ti pai, vou pôr-me bonita, como quando era criança e tinha de ir à missa com roupa domingueira. Nada de modernices. Vou tentar ser o mais possível a tua menina.
Por ti. Por mim.